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quarta-feira, 23 de junho de 2010
As páginas enfeitiçadas que encontrei em Harry Potter
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terça-feira, 22 de junho de 2010
Seção Fanarts: o toque singular do artista
Se há algo que me encanta nas fanarts, em geral, é a capacidade que o artista tem de colocar o seu toque pessoal no desenho; de, ao mesmo tempo que representa algo que todos os fãs já imaginaram, fazer com que sua ilustração seja diferente das demais. A interpretação do artista é algo a ser observado, pois é singular.
Se você também tem talento para desenhar, envie um e-mail para o dapenseira@gmail.com com uma ou duas fanarts da série Harry Potter de sua autoria e seja um colaborador do blog!
Na extensão da notícia, confira duas ilustrações: uma da irreverente Luna Lovegood e outra dos amáveis Rony e Hermione. Clique nas imagens para vê-las em tamanho maior.
A imagem do topo, Artist in His Studio, é um desenho de Philip Guston (1913-1980).
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segunda-feira, 21 de junho de 2010
O Círculo Temporal Potteriano e a Predestinação Ilusória
Na realidade, Bicuço nunca fora morto, Harry sempre fora salvo por seu próprio patrono, justamente porque a viagem causa uma distorção na estrutura do tempo, produzindo um círculo e tornando inexistentes os eventos que poderiam ter ocorrido, se a viagem não fosse realizada. Temos a impressão, devido à simultaneidade dos eventos, de que versões de Harry e Hermione provenientes de outra dimensão precisaram ter feito a viagem anteriormente para que, por exemplo, Harry fosse salvo. Isso não acontece, a meu ver. A viagem ocorre em uma mesma dimensão com “versões” de Harry e Hermione que se distinguem pela consciência dos acontecimentos, isto é, as versões anteriores não sabem o que houve, não sabem quem foi o responsável pelos salvamentos; já as versões posteriores (e definitivas para esta dimensão) têm consciência de que foram os responsáveis por tudo. As repetições seguintes da viagem é que devem suceder em outras dimensões. A iniciativa de empreender a viagem no tempo e a distorção estrutural por ela causada provocam a inexistência de quaisquer eventos ocorridos sem a interferência dos viajantes, de modo que não é possível determinar o início das ações e isto é o que torna o tema complexo deveras.
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domingo, 20 de junho de 2010
Pottermaníaco ou Potteriano?
Adianto logo que o texto (não muito extenso) que virá a seguir visa apenas lançar a idéia, assim cabendo ao leitor refletir sobre ele. Abordarei os termos "pottermaníaco" e "potteriano", buscando chegar a uma conclusão sobre o correto para referências a fãs de HP.
Sem mais delongas, boa leitura a todos. Aguardo seus comentários!
Você é um pottermaníaco ou um potteriano? Com certeza, em algum momento na vida, um fã de HP já se autodenominou com ambos os termos, às vezes por distração, às vezes por não saber qual o "correto", às vezes por os julgar sinônimos.
Segundo Houaiss, os significados de mania e maníaco são:
Mania: s.f. Hábito estranho, ridículo / Gosto levado ao extremo / Pscicopatol. Estado de superexcitação do psiquismo, caracterizado por exaltação do temperamento e desencadeamento de impulsos instintivos e afetivos / Fig. Mau costume, esquisitice".
Maníaco adj. Relativo a mania: delírio maníaco / -S.m. Indivíduo possuído de uma uma mania".
Já o sufixo -ano, com sua variante –iano, "tem um significado básico de “proveniência, origem”: doces serranos, autores italianos, monges tibetanos. Com o tempo, passou a indicar também a proveniência de uma idéia, a partir do nome de um autor ou de um movimento intelectual: sonetos camonianos, ideal republicano, igreja anglicana".
Agora, leitor, pense comigo: Harry Potter é uma série que, durante todo esse tempo, vem conquistando e trazendo cada vez mais fãs, que nos ensinou diversos valores, entrete, nos proporciona diversão e momentos de reflexão, nos dá amigos, e mais uma lista quilométrica de benefícios trazidos, que não escreverei aqui por não ser meu foco no momento (além de ser um tremendo clichê, diga-se de passagem). Um fã, ao afirmar que é fã da história de J.K. Rowling, fala com o orgulho e o sentimento dignos de algo que sempre fez parte de você; como se fosse algo que vem com você desde seu nascimento, uma característica sua.
Podemos dizer que "pottermaníaco" é uma denominação pejorativa, pois somente o fato de HP ser uma mania invalida todas as características da saga citadas acima. Sejamos sinceros, nada mais apropriado do que o sufixo -iano para demonstrar isso, uma vez que "potteriano" reflete algo intrínseco à pessoa! Não somos maníacos descontrolados e viciados em algo qualquer e prejudicial (exceto em casos de fanatismo exagerado, o que é outra história; afinal, o que nesse mundo não é prejudicial, se em excesso?!), somos potterianos!
Talvez todos tenhamos sido pottermaníacos, outrora, mas agora, felizmente, grande parte dos pottermaníacos de ontem constitui o fandom potteriano (e tão positivamente influenciado por HP, que esta é a origem do termo) de hoje. Você concorda com a distinção de termos?
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sexta-feira, 18 de junho de 2010
“Snape: Santo ou Canalha?”
Olá, leitores e leitoras!
Pensei em escrever na saudação: leitores e leitoras da penseira. Mas não se pode exatamente ler uma penseira; mergulha-se nela, transporta-se para dentro dela. Isso alude, curiosamente, ao efeito da leitura sobre o leitor: faz que adentre novas dimensões, penetre mundos exóticos ou até se embrenhe no próprio ser... É realmente incrível e magnífico! Bem, hoje é minha estreia aqui no Da Penseira, minha vez de compartilhar pensamentos. Fui gentilmente convidado a participar por Flávio e Paty e aceitei instantaneamente, já que achei a ideia primorosa.
Pois bem. A coluna trata de uma das personagens mais dúbias da história da literatura - talvez mais até que Capitu - e é, na realidade, uma análise (não tão parcial como seria de esperar-se) da personalidade misteriosa, surpreendente e intrigante de Severo Snape. Espero realmente que apreciem e comentem a respeito. Boa leitura!
É inegável que a estrutura familiar integra grande parte do alicerce sobre o qual se constrói a personalidade de um indivíduo, seja ele bruxo ou trouxa. Os pais são responsáveis por orientar os caminhos dos filhos, quando estes ainda não são capazes de fazê-lo. Quando se tornam “senhores do próprio destino”, estão aptos, supõe-se, a fazer as próprias escolhas, embasadas no que aprenderam durante a infância e a tenra juventude. Sendo assim, um ambiente familiar tempestuoso e desequilibrado contribui para o desenvolvimento de certos desvios de conduta, isto é, a escolha certa – ponderando a faixa que abrange o moralmente aceitável – não se revela muito facilmente, não se torna evidente, lógica ou óbvia. Posto isto, torna-se possível principiar o entendimento da complexa personalidade de Severo Snape.
J. K. Rowling não nos privilegiou com muitas informações a respeito da infância de Snape, no que tange ao relacionamento com os pais. É muito provável, no entanto, que, mais do que condições de vida restritivas e negligência por parte dos pais, tenha havido brigas constantes entre seus genitores e até mesmo abusos paternos para com o jovem Severo. Esses aspectos vão construindo um Snape vulnerável, inseguro e problemático no campo social; o bullying impiedoso que sofre por parte dos Marotos só agrava a situação. As suas más escolhas – companhias torpes e envolvimento com magia das trevas – durante o período em que frequentou Hogwarts associadas à necessidade de ratificar uma personalidade instável e a um talento excepcional em praticamente todas as áreas da feitiçaria engendraram em Severo Snape o desejo de render-se às artes das trevas, aliando-se a Voldemort e comungando com muitos de seus ideais. Esse desejo, é bem verdade, sobrepôs-se em certo ponto ao amor que nutria por Lílian – talvez única forma verdadeira de amor que conheceu durante a vida. Não porque fosse esse desejo maior ou mais intenso. As circunstâncias sob as quais se desenvolveu seu relacionamento com Lílian terminaram por influenciar os acontecimentos posteriores. A palavra dita “em fúria e humilhação”, de que se arrependeu até o último suspiro de vida, e o envolvimento de Lílian com seu “arqui-inimigo” execrado – Tiago Potter – provocaram seu distanciamento e propiciaram que Snape mergulhasse em um poço de obscuridade. Note-se, contudo, que, embora estivesse imbuído de trevas, seu amor por Lílian nunca se extinguiu ou esmoreceu... Somente após ter revelado a Voldemort o conteúdo da profecia de que tivera conhecimento, é que se deu conta de que acabara de cometer talvez o maior erro de sua vida. Quando mensurou as consequências que o conhecimento do vaticínio pelo Lorde das Trevas poderia produzir, desesperou-se a ponto de suplicar-lhe que a poupasse e, sem sucesso, de rogar a Dumbledore que a ajudasse e protegesse, oferecendo em troca qualquer coisa. Qualquer coisa para evitar que perdesse o que não lhe pertencia e o que, entretanto, era-lhe mais precioso. Não é possível que haja dúvidas, nesse ponto ou em qualquer outro, acerca do amor de Snape. Amor e, portanto, medo de perder definitivamente, e não apenas remorso, visto que Lílian ainda vivia.
Após a morte de Lílian, o amor passou a coexistir com angústia e dor infindas. Esse fardo ingente motivou o florescimento de toda a coragem e lealdade que manifestou em seus atos – somente revelados naquele terrível e esplêndido capítulo trinta e três. Era o agente duplo perfeito... Já não havia Snape, havia a causa por que trabalhar – o “bem maior” – e nada mais. Os olhos azul-vivos perfurantes de Dumbledore, afinal, eram mesmo capazes de perscrutar a alma detrás dos peculiares óculos de meia-lua: não era à toa toda aquela confiança, por vezes taxada de cega e leviana.
O que tinha de melhor sempre procurou esconder; não via sentido em receber louros que expusessem o sofrimento com que teve de conviver e todo o esforço daí oriundo que teve de desenvolver a fim de proteger Harry Potter, a mais vívida e pungente lembrança de tudo aquilo que perdera, do que o seu maior desafeto ganhara em seu lugar: o amor de Lílian.
E quanto à implicância, crueldade e parcialidade para com o trio protagonista e os demais estudantes não-sonserinos? Bem, não mais que frutos inequívocos do amargor de uma alma perenemente fosca e de uma personalidade desfalcada que impositivamente influiu em todas as escolhas de caminhos que trilhou; o que, todavia, não o impediu de realizar os mais egrégios atos, não lhe tolheu a capacidade de amar, não o incapacitou de conjurar uma graciosa corça prateada como patrono corpóreo. Um patrono, inclusive, cujos elementos genitores eram explícitos por sua própria forma, isto é, a corça (agora de Snape) era o símbolo do que a produzia: Lílian, o amor por Lílian, as lembranças de Lílian, o patrono de Lílian.
Toda a vida de Snape foi o resultado de uma nefasta confluência de eventos. Por muitos deles foi responsável e, como ninguém, conseguiu minimizar expressivamente os tétricos desdobramentos de suas más escolhas. Redenção? Não acredito que a tenha alcançado; não creio que seria capaz de perdoar-se ou de considerar qualquer mérito suficiente ou capaz de esmaecer seu pesar. Talvez não seja adequado julgá-lo herói como se concebe por padrão: seus atos não foram altruístas, era falho e corrompido, fez muitas escolhas erradas... Foi triste, infeliz, amargo. Não desejou ser um herói; nem mesmo desejou agir como um.
A beleza da alma de Snape não é óbvia. Só a enxerga quem é sensível o bastante para perceber que, mesmo nos solos mais atrofiados, como os de uma alma devastada, é possível haver vida, isto é, amor. Uma forma esquálida, feia e frágil; e, no entanto, vívida, bela e contumaz – capaz de manter vivo um amor legítimo e sublime, e dele auferir o mais valioso elixir.
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Novos pensamentos para nossa Penseira
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quinta-feira, 17 de junho de 2010
Dois filmes, uma história
“O roteiro [da Parte I] foi escrito com um fim em mente. O primeiro rascunho foi escrito com um final e à medida que nós fomos desenvolvendo-o, ele caminhou para outra conclusão. Então nós voltamos em parte para o fim original porque nós sentimos que ele permitia uma conclusão mais emocional e que era mais completo, como estava. Mas nós adicionamos esta outra cena, que eu acho realmente fantástica – eu não posso contar a vocês onde é a divisão, desculpem – mas sinto que será incrivelmente dramática, muito comovente e fará as pessoas quererem assistir o próximo filme”.
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terça-feira, 15 de junho de 2010
Mais do que para ouvir, música feita para sentir
"Apreciando", sim. Se você não é fã de trilhas sonoras, se não presta tanta atenção assim nelas durante um filme, eu lhe digo: a música para um filme é como a alma para um corpo. Não estou insinuando com isso que o cinema mudo é indigno, mas fica impossível imaginar uma película atualmente sem o conjunto imagem e som, sem o efeito singular que uma trilha sonora bem produzida proporciona.
Uma cena sem trilha sonora ou com uma música diferente pode transmitir uma sensação distinta, outro significado, outra emoção. A trilha é importante porque, mesmo que você não perceba, é capaz de dar o clima, a tensão, necessários para a composição da sequência e para expressar aquilo que o diretor quer.
Felizmente, Harry Potter é bem provido por trilhas sonoras de qualidade. Os compositores que passaram pela saga são: John Williams (responsável por Pedra Filosofal, Câmara Secreta e Prisioneiro de Azkaban), Patrick Doyle (Cálice de Fogo), Nicholas Hooper (Ordem da Fênix e Enigma do Príncipe) e Alexandre Desplat (Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte I). Especula-se que John Williams voltará para a parte II do sétimo filme, mas, a depender dos resultados produzidos por Desplat, pode ser que este acabe compondo a trilha também do último filme da série.
Sobre compositores, só um adendo: você sabia que a trilha do segundo filme não é, de toda, mérito do John Williams? Os temas foram compostos por John, mas devido ao fato de estar trabalhando em um filme de Steven Spielberg (Prenda-me, se for capaz), o compositor Williams Ross foi contratado para adaptar e conduzir os temas de Câmara Secreta. Talvez isto justifique o que li recentemente por aí: "John Williams não dá a devida atenção para Harry Potter". Você concorda?
Mas, enfim, este post não se propõe a analisar as trilhas. Isto ocorrerá posteriormente, não se preocupe. A minha proposta é apenas esta: aprecie trilhas sonoras; sem moderação. São músicas que podem falar contigo, de tão expressivas que são. Você pode encontrar trilhas que expressem a felicidade que você sente, ou ainda a tristeza, a saudade, o triunfo, a decepção. Não desista de procurar, há uma música feita para você, que vai lhe fazer sentir arrepios e pensar "Caramba, esta é a minha música".
Por ora, em nossa playlist, sinta-se livre para: desde conhecer a música que expressa a pureza e inocência mágica dos primeiros Harry Potter até voar em um hipogrifo ou dançar como um.
Depois, responda-nos: qual a sua faixa favorita? Qual seu compositor favorito (dentro e fora da série)? Nós esquecemos alguma música? Diga-nos qual.
P.S.: Em breve, adicionaremos algumas músicas de Alexandre Desplat para que vocês conheçam os trabalhos anteriores do novo compositor da saga Harry Potter. Ah, e quem entende de html para blogs, se conhecer um player melhor do que este que utilizamos, pode sugerir nos comentários.
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segunda-feira, 14 de junho de 2010
Primeiros pensamentos
É realmente difícil descrever esse ato que realizamos sempre e sequer notamos, talvez a imagem da Penseira nos sirva bem a esse propósito, o ato de pensar em constantes rodopios e perspectivas. Os pensamentos, por mais que nos assombrem, estão em conexão com o que somos e (quase sempre) nos são compreensíveis. A grande dificuldade está em dividí-los com alguém, sabendo da possibilidade de ser visto como um louco, ser criticado ou humilhado, por que ao transmitir nossas reflexões, mergulhamos num mar de conceitos em que podemos nos afogar sem nunca transmitir. Não é fácil dividir pensamentos, então desculpem as possíveis reflexões ilógicas e mal formuladas, pois é difícil controlar o fluxo de rodopios e transferir lógica aos meus subjetivos pensamentos.
Hoje, postarei esse primeiro pensamento, sobre algo que muito me incomoda na série Potter há alguns anos e que talvez seja a única grande divergência que tenho com os modelos de Hogwarts: A seleção e divisão por Casas. Sei que será visto por muitos como uma grande heresia e espero fortes comentários a esse respeito, lembrando que está é minha opinião e não necessariamente as impressões do Flávio sobre o assunto.
Não adiantarei mais nada, apenas os convido a adentrar o mundo de meus rodopiantes pensamentos.
Divisão sem fundamento
Desde os primeiros capítulos de Pedra Filosofal, notamos as divisões no mundo mágico e escolhemos um lado. Harry Potter é a saga das escolhas, sem dúvida. A primeira e, possivelmente, mais importante divisão é a das casas de Hogwarts. Todo fã já fez sua escolha, baseando-se nos quesitos para pertencer a cada casa. Entretanto, conforme os anos passaram e o mundo Potter se tornou mais complexo e interessante, notei que essas divisões só existem por disputas internas entre os fundadores de Hogwarts, coisas que aconteceram há séculos atrás, mas é impossível definir uma pessoa por critérios de semelhança, como o Chapéu Seletor vem fazendo há anos, e essa divisão deixou marcas e trouxe destruição ao mundo bruxo.
Ao observar isoladamente os membros de cada casa, percebo que alguns se uniriam de qualquer forma, já que é natural ao ser humano manter contato com seus “iguais”, pessoas com opiniões e gostos parecidos com os seus; traçamos relações mais facilmente com esses “semelhantes”. Não posso duvidar, por um momento sequer, que a amizade do trio, por exemplo, sempre foi algo predestinado, como normalmente acontece com nossos grandes amigos: simplesmente ‘nos encontramos’. Harry e Rony passam aquela sensação de leveza característica dos encontros entre amigos: as conversas bobas, o apoio incondicional, mostrando também as brigas e diferenças, que são naturais em quaisquer relações. Hermione trás o equilíbrio com sua percepção mais apurada e seu raciocínio lógico, aprofundando a amizade do trio nas horas mais difíceis. Juntos, formam um grupo arguto, leal e corajoso, grupo que Gryffindor trataria muito bem, sem dúvida.
Quando penso nos Marotos, o encaixe deixa de ser tão perfeito. O grupo é brincalhão (até mesmo cruel, eu diria), nem um pouco preocupado e muito aventureiro. Ao olhá-los, percebo um membro perdido por ali: Pedro Pettigrew. Sirius e James são o encaixe natural, com certeza seriam amigos em qualquer situação. Lupin está mais próximo de pessoas como Lílian, discretas e bondosas como ele próprio. Rabicho, entretanto, não estaria próximo a ninguém em época alguma, nenhum membro da Grifinória (seguindo os critérios) seria naturalmente seu amigo. Ele não tem a coragem, nobreza, o sangue –frio ou qualquer outra qualidade dos membros de Grifinória, o que me leva a questionar as escolhas do Chapéu Seletor.
Muitos dizem que Rabicho é um legítimo sonserino, mas não vejo astúcia ou ambição em seus atos. Penso que a covardia o fez se unir sempre aos mais fortes, independente dos rumos que essas alianças pudessem tomar. É claro que Rabicho não foi ambicioso ao se unir a Voldemort, se fosse um homem ambicioso não viveria anos como um rato, com a prisão de Sirius, o natural seria sair livremente e tentar lucrar mais uma vez, o que não foi o caso. Sobreviveu tanto tempo não por astúcia, mas por sorte e insignificância.
Ao tentar colocar Rabicho junto aos lufanos não obtive êxito, falta-lhe a lealdade, a paciência, a sinceridade e todas as outras qualificações dos moradores desta casa. Na Corvinal ele também não estaria, já que não o considero inteligente, sábio, e tampouco um homem de “mente alerta”, então, onde estaria Rabicho?
Penso que se não houvesse casas, ele seria uma pessoa sozinha em Hogwarts, tirando notas baixas, tentando se juntar a qualquer grupo, mas sem muito êxito, vivendo isolado e perdido, seus anos pós-Hogwarts dificilmente o colocariam no caminho de Voldemort e da traição aos Potter, já que não haveria motivo para o Lorde se interessar por tal pessoa. Sirius (ou Lupin) seria o fiel do segredo, os Potter nunca teriam sido aniquilados e Harry jamais seria o menino da cicatriz. Ao colocar Rabicho na Grifinória, o Chapéu deve ter pensado que era um lugar onde Pedro aprenderia bons valores, mas isso não aconteceu e muitos pagaram por esse erro.
Outra personagem que vejo diretamente ligada a questão das casas é Severo Snape e imagino o mundo mágico com um Snape não-sonserino. Snape tem as qualidades sonserinas, que não vejo como defeitos, considero astúcia e ambição muito dignas quando usadas com sabedoria, nada em excesso é bom, na verdade. Um homem excessivamente corajoso, torna-se estúpido e leviano, colocando muitas vidas em risco numa batalha, por exemplo. A astúcia em justa-medida talvez ajudasse tal homem a refletir sobre seus atos neste momento. Junto às qualidades de um sonserino, Snape revela a coragem e o sangue-frio dignos de um membro da Grifinória, a lealdade Lufana, inteligência dos membros de Corvinal, logo, Snape poderia pertencer a qualquer casa e, possivelmente seria uma pessoa normal, pois as casas ajudariam a minimizar seu ego.
Longe da Sonserina de sua época, teríamos um Snape sem motivos para se unir aos Comensais, visto que nunca odiou os nascidos-trouxas, os Comensais não teriam interesse nele, já que não era um puro-sangue e legítimo sonserino. Snape seria sempre um rapaz problemático, considerando sua relação familiar, escolheria viver em Hogwarts para sempre, se pudesse, e teria grande interesse pelas Artes das Trevas (que tem mais relação com sua inteligência e curiosidade do que com crueldade, ao meu ver). Lílian seria, possivelmente, sua única amiga e acredito que sua relação com os Marotos não mudaria, no entanto, ele nunca perderia Lílian, pois não teria de escolher entre ela e os amigos Comensais e mesmo que a mulher se casasse com James, eles poderiam continuar amigos e Snape se tornaria apenas uma pessoa solitária e amargurada pelo amor não correspondido, mas sem culpa alguma em relação aos Potter, pois nunca colocaria Voldemort atrás de Lílian. Esse Snape em qualquer casa, ou sem casa alguma, poderia até mesmo se apaixonar, ser correspondido e superar seus traumas.
Sempre que penso nesses dois personagens, vejo como tudo seria diferente se não houvesse casas em Hogwarts. Sem elas, não teríamos os grupos se unindo tão facilmente, ideias sobre a superioridade dos puros-sangues existiriam, mas nunca teriam uma bandeira tão forte e espaço para procriar, como sempre foi na Sonserina. Pessoas como Neville e Luna não seriam humilhadas por serem diferentes, apenas se juntariam e formariam seus grupos “nerds”, sem a necessidade de honrar a critérios estabelecidos há mil anos.
Voldemort teria um trabalho muito maior para encontrar seguidores, pois eles não estariam nas masmorras, só aguardando um líder. Os Malfoy teriam seus ideais distorcidos, mas não encontrariam tanto espaço para pensar em formas de dominação da “ralé” e quem sabe, com o tempo, até mudassem um pouco tais pensamentos.
Dividir pessoas por uma de suas inúmeras qualidades é um absurdo e pode causar danos irreparáveis às sociedades, isso é algo que Harry Potter deixou bem claro. Somos seres complexos e não podem nos avaliar de forma tão unidimensional.
Por mais que, como potterfã, seja acostumada ao sistema de Casas e ache-as divertidas, sempre pensarei muito nas palavras de Dumbledore em Harry Potter e as Relíquias da Morte: “Sabe, às vezes penso que fazemos a Seleção cedo demais...”, para mim, as seleções, na verdade, nunca deveriam ter sequer começado.
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domingo, 13 de junho de 2010
Inaugurando...
Este blog surge como a concretização de um desejo de muitos anos. Sempre almejei ter um espaço para compartilhar pensamentos e emoções, refletir sobre certas coisas da vida e, é claro, falar sobre coisas de que gosto. Só que eu ia adiando e adiando até que algo aconteceu: a nostalgia, a saudade já existente em relação ao fim da série Harry Potter nos cinemas, fez com que eu me desse conta de que não há mais tanto tempo assim.
Sim, parto do pressuposto de que você é um potteriano; só assim teria encontrado este blog. Caso não seja, perdoe-me o "pré-conceito". A Penseira, como você pode ler no banner deste site, é um objeto mágico, proveniente dos livros de J.K. Rowling, em que se pode depositar pensamentos que lhe enchem a cabeça, mas você pode consultá-los vez ou outra, vivenciá-los como se fossem reais, como se tivesse voltado no tempo.
Assim, acredito que seja um nome apropriado para um blog que expressará pensamentos. Mas, em conforme com o banner, não espere muitos pensamentos e reflexões pessoais. Ou melhor, não tema por isto. Como potteriano, meu objetivo maior é discutir a série, comentar, confabular, noticiar, relembrar, compartilhar emoções.
E não estarei sozinho nisso. Contarei com a ajuda de algumas pessoas, dentre elas a Paty Moreira, da Armada Potterish. Em breve, o nome de outras pessoas que ajudarão aqui no blog também estarão ali na barra lateral.
O blog está só começando, está engatinhando. Portanto, ajude-nos: visite-nos, dê sugestões, comente. Dessa forma, cresceremos juntos.
P.S.: Siga-me e siga-nos no Twitter -> @flaviobessajr e @dapenseira.
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